sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sexta em Imagens

Nota da Sexta-feira Santa por Maria do Carmo Ferreira de Souza

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Visão do Sâo Francisco para Coimbra

Sexta-feira da Paixão - Descendimento da Cruz e Procissão do Enterro

Tudo está consumado. Jesus morre na Cruz.
Silenciam-se todos os sinos.
Os mesmos sinos que até agora anunciaram todas as celebrações da semana se calam em respeito à Paixão e Morte do Senhor. Na cidade em luto, as próximas celebrações são anunciadas apenas pelo som das matracas.


É um dia totalmente voltado a reflexões, penitências e orações. Por vários pontos da cidade, desde bem cedo, são rezadas várias Vias-sacras.
Pela manhã, na Matriz do Antônio Dias, é pregado o Sermão no qual são enunciadas e refletidas as últimas Sete Palavras proferidas por Cristo na Cruz.

Ainda na tarde do mesmo dia, enquanto é realizada a Ação Litúrgica, a cena do Calvário é montada no mesmo local onde ocorrerá a cerimônia do Descendimento da Cruz, e de onde sairá  a Procissão do Enterro.
Jesus é pregado na Cruz e erguido para contemplação dos homens. A seu lado, encontram-se outras duas cruzes com os dois ladrões citados pela Bíblia. Na cena do Calvário, os guardas ou centuriões romanos são presença costante até o final do enterro do Senhor.

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Anjo do Alejadinho e Anjos de Ouro Preto

À noite, na montagem do Calvário é proferido o Sermão do Descendimento da Cruz. Neste momento, várias Figuras Bíblicas do Velho e do Novo Testamento compõe a cena, e todas são apresentadas antes de ser iniciado o Sermão. Os principais componentes da cena, são  a Imagem do Senhor Crucificado e a de Nossa Senhora das Dores. Além deles, as figuras principais, representadas pela comunidade, são: o Apóstolo João acompanhado de Maria Madalena, os outros apóstolos e Verônica.

Quando o Sermão vai sendo encerrado, a pregação do sacerdote menciona os passos do Descendimento de Cristo da Cruz, estes gestos são carregados de simbolismo e emoção. Acompanhando a menção do sacerdote, vão sendo retirados, por figuras que representam discípulos do Jesus: a tabuleta colocada sobre sua cabeça e que o identifica, a coroa de espinhos, os cravos, os braços e, finalmente, o corpo do Senhor Morto.

Após descido da Cruz, o Corpo do Senhor Morto é depositado sobre o Esquife. Personagens vestidos por uma túnica branca e com um capuz erguem do chão e carregam o esquife do Senhor. Eles simbolizam seus discípulos e o carregaram durante toda a Procissão.

Verônica entoa seu canto melodioso e extremamente carregado de dor. Com este canto ela exprime sua indignação pelo que fizeram com o Senhor, enquanto mostra a todos a face do crucificado estampada no lenço que usou, no caminho do Calvário, para secar seu sangue.

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Visão dos Anjos

Tem início uma das mais belas procissões da tradição mineira. A Procissão do Senhor Morto ou Procissão do Enterro, segue pelas principais ruas da tricentenária cidade.
Neste dia, o Guião que inicia a Procissão é carregado deitado em respeito à morte de Jesus, e é anunciado pelas matracas ao invés dos sinos.  Mais adiante surgem as irmandades da cidade e as figuras bíblicas, que antecedem o esquife com a Imagem do Senhor Morto e a da senhora das Dores. Estas duas imagens, ladeadas pelos centuriões romanos.
Uma multidão reza e acompanha a Procissão. O clima é realmente fúnebre, desde o som das matracas  e dos cânticos piedosos e dolorosos entoados pelo sacerdote e fiéis, passando pelo som das músicas fúnebres  tocadas pelas Sociedades Musicais, das lanças cadenciadas da Guarda Romana, do Coral até, em determinados pontos do trajeto, do doloroso lamento da Verônica, respondido pelo canto das Três Carpideiras.






Fotos de Ronald Peret, versão para jornais e revistas no Flickr http://www.flickr.com/photos/ronaldperet/